Parque da Redenção

Andei estudando, por paixão, a Cidade. Em Porto Alegre, o meu bairro primeiro, o Bom Fim. Mas ainda antes, quando das caminhadas juvenis, e das descobertas deslumbrantes, como se pela primeira vez visse a arquitetura das casas antigas, das ruas do centro -  fui ouvir o Arquiteto Günter Weimer. Ele contava como pesquisou o estilo da arquitetura brasileira, depois de identificada como portuguesa, colonial e tal. Precisando achar outras influências foi-se à África e desenhou, pasmem, DESENHOU !!! as casas que encontrava. De forma que conseguiria identificar a origem das casas populares brasileiras e até de qual país da África tinham vindo seus construtores. Entre essas encontrou a origem das varandas colocadas ao redor ou na frente das casas, que tem a função de ventilar e refrescar seu interior, criando mais espaço de sombra ao espichar os telhados para cobrir essas varandas. Descobriu ele, também, algumas casas sem janelas mas com um vão aberto entre as paredes e o telhado,   sem forro. Como o ar quente sobe, este vão, da mesma maneira, tem a função de refrescar o ambiente. Diz o professor que janelas são herança européia, que não podemos pensar nelas como "naturais" ou que não se possa viver sem elas. São como tudo, culturais, portanto historicamente inventadas.

A história do nome popular do Parque Farroupilha: Redenção

Sempre me perguntei por que o parque Farroupilha, no Bom Fim de Porto Alegre, tem o apelido de Redenção. Agora já sei: O Campo do Bom Fim era conhecido como Campo da Várzea ou  Campos da Várzea do Portão- por que ali estava o portão de entrada e saída da cidade de Porto Alegre, até  que  em função da construção da Capela Senhor do Bom Fim,  em 1872, teve seu nome alterado para Campo do Bom Fim.
Parque surgido a partir de uma área localizada nos arrabaldes do centro histórico da cidade, foi passando aos poucos a ser e  cada vez mais, parte da expansão  urbana.  Recebeu diversos nomes, a medida dos acontecimentos históricos que sediava.  Encontrei no site http://www.aredencao.com.br/historico.htm as informações a seguir:
 “Originalmente o local foi doado à cidade em 24 de outubro de 1807 pelo governador Paulo José da Silva Gama "para os utilíssimos e necessários fins de conservação de gados que matam nos açougues desta vila". Como se vê era fora da cidade. Havia uma cláusula no contrato de doação  estabelecendo  que  qualquer mudança  na propriedade deveria ter a autorização expressa de  Sua Alteza Real, Dom João VI. Mais tarde, em 1826, Dom Pedro I impediu o  loteamento e a venda do atual parque, a essa altura destinado a exercícios militares, graças também a clausula que tornava obrigatória a permissão direta do Rei para qualquer transferência  de proprietário.
Algum tempo depois a área ficou marcada por  servir de cenário ao movimento abolicionista peculiar do Rio Grande do Sul. Em 7 de setembro de 1884 a Câmara propõe a denominação da área como Campos da Redenção em homenagem a libertação dos escravos do terceiro distrito da Capital. Registrava-se assim a vitória da luta  local, e a redenção de centenas de escravos um ano antes da libertação dos sexagenários e quatro antes da libertação geral do país. Independente do  questionamento do significado e das conseqüências desse ato, é com o nome de Redenção que o parque é conhecido e visitado intensamente até hoje.
Foi apenas a partir do início do século XX que famílias judias foram chegando à cidade,  fugidas de perseguições no leste europeu, mais tarde da guerra e se instalando nas imediações da Avenida Bom Fim, atual Avenida Oswaldo Aranha, enquanto os negros iam vagarosa e constantemente sendo transferidos para mais adiante. De forma que, hoje, o Bom Fim é o bairro com maior concentração de judeus no Estado do Rio Grande do Sul e os negros foram sendo transferidos cada vez para mais longe do centro da cidade.

Fani